Por que a polarização política é prejudicial para a sociedade?

Polarização na política, em poucas palavras, é a divisão de uma sociedade em dois pólos, que não dialogam entre si. Basicamente, é uma disputa entre dois “lados” sobre determinados temas.

Ora. Se observamos a atual situação do Brasil, esse conceito fica ainda mais nítido. E nem precisamos dizer que pode vir a ser muito prejudicial à democracia e ao andamento de projetos realmente necessários para a sociedade.

A polarização política acaba desviando os gestores e legisladores do principal objetivo que é o bem estar social. Acaba sendo difícil chegar a um consenso, mesmo quando se trata de um bem maior para a sociedade.

Se a ideia vem do lado A, necessariamente o lado B se opõe. Nesse cenário, divergir tem sido mais importante que o bem comum, com raras exceções. As pessoas sentem a necessidade de pertencer a um dos dois grupos, e a concordar com todas as ideias que estiverem dentro da caixa escolhida.

Diferenças podem sim ser positivas, quando através do diálogo os dois lados conseguem renunciar alguns pontos ou ter a maturidade para compreender que  mudar de opinião diante de argumentos consistentes não é sinal de fraqueza, mas de responsabilidade com nosso país. Nesses casos, o resultado se torna favorável para toda a sociedade. No ano passado, por exemplo, foi aprovado o Novo Fundeb. Foi uma votação histórica, com ampla maioria de votos favoráveis para tornar permanente essa política pública tão importante para a educação básica do nosso país. 

O senso crítico passa a ser desincentivado. Cidadãos que não conseguem se enquadrar em um dos dois lados sofrem a falta de pertencimento. Ao não concordarem com ideias de um grupo já são automaticamente rotulados de pertencer ao outro. Mas, não teríamos a liberdade de escolher não pertencer a nenhum?



A polarização que precede guerras

Vamos aos exemplos práticos dos danos desse tipo de comportamento polarizado dos poderes:

A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico travado entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. Havia um alinhado ao capitalismo e outro alinhado ao comunismo.

Coincidências à parte, a polarização política resultou – na segunda metade do século XX- em uma série de conflitos em diferentes países ao redor do mundo, envolvendo “indiretamente” os EUA e a URSS.

Há registros de que houve a disponibilização – por parte destes países- de armas e treinamento militar. Todavia, nunca houve um confronto aberto entre americanos e soviéticos, de fato.

Separei aqui algumas características dessa Guerra que se assemelham ao momento de polarização política que vivemos no Brasil:

  • Discurso armamentista: a busca pela hegemonia internacional fez com que as duas nações investissem bastante no desenvolvimento deste tipo de tecnologia. Assim, no período, o número de armas nucleares e termonucleares produzidas disparou.
  • Estrangeiros tomando frentes: tanto os americanos quanto os soviéticos interferiram em assuntos de diferentes países do mundo.

    Inclusive, na política brasileira – na década de 1960- e no Afeganistão, na década de 1980, através de interferência militar.

Conclusão deste cenário:

A Guerra Fria teve fim com a dissolução da União Soviética em 26 de dezembro de 1991.

Na década de 1970, a economia soviética já demonstrava claros sinais de esgotamento e o país era mais atrasado em relação às grandes potências.

A indústria estava em queda, a produção agrícola era insuficiente e os indicadores sociais começaram a regredir, culminando no empobrecimento do país.

Polarização e disputa eleitoral

Infelizmente, temos percebido que a polarização gera um engajamento muito grande. Esse cenário incentiva políticos a criarem personagens polarizados para aumentar seu engajamento, sobretudo nas redes sociais.

Personagens não necessariamente representam as ideias verdadeiras das pessoas, mas buscam agradar o seu público. Infelizmente, muitos acabam virando fãs desses personagens fictícios, da mesma forma como fazem com o time que torcem e com artistas e cantores que admiram.

Isso acaba deturpando qualquer disputa eleitoral, uma vez que o cidadão muitas vezes vota em um artista e não em um representante da sociedade, verdadeiramente.

Os lados se dividem na defesa do seu ídolo. Não medem consequências na hora de defendê-los. Brigam com a família, com os amigos, agridem verbalmente alguns e se precisar ainda saem no tapa.

Levando tudo isso em consideração, finalizo com um questionamento:

Será que essa rivalidade pode gerar resultados positivos em um cenário de curto e médio prazo ?

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