crianças em uma mesa estudando em um período de desigualdade educacional do Brasil

Pandemia intensificou desigualdade educacional do Brasil

Entre outros tantos problemas causados pela pandemia do Covid-19, a desigualdade educacional foi um dos que mais foram agravados no Brasil. 

O aprimoramento do processo de aprendizagem, um desafio já existente antes da pandemia, será uma das maiores preocupações brasileiras no período pós pandemia. 

O aumento da desigualdade educacional representa um retrocesso para o país, aumentando ainda mais a desigualdade social.

A desigualdade social constrói uma cidadania frágil. Nesse cenário, vemos ascender heróis com discursos e promessas populistas capazes de salvar a sociedade do desemprego, da pobreza e da corrupção. Cidadãos frágeis passam a consumir e a propagar com voracidade conteúdos desinformativos. 

Dessa forma, o enfraquecimento do processo de aprendizagem constrói uma democracia imatura, se tornando uma ameaça para o desenvolvimento do país.

A tecnologia possui uma importância inegável no processo de aprendizagem. Por isso, em 2018, foi incluída na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), passando a exigir que todo estudante deva compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação. 

Mas, a sua utilização com objetivo de aprimorar o processo de aprendizagem só faz sentido se for possível para todos. Caso contrário, apenas acentuará o abismo tecnológico e educacional já existente entre estudantes brasileiros, sobretudo entre alunos de escolas públicas e privadas. 

O que foi constatado é que os alunos pobres, além de terem tido menos aulas (tanto presenciais quanto remotas), durante a pandemia, enfrentaram mais dificuldades de acesso aos equipamentos essenciais de estudo, como internet e computadores. 

Além disso, a diferença entre o ensino público e o privado ficou ainda mais evidente, já que muitas escolas públicas não conseguiram se adaptar ao ensino remoto ou apresentaram problemas estruturais para atender os alunos, como falta de higienização, por exemplo.

Segundo dados da OCDE de 2020, o Brasil é o 2º pior país na proporção de número de computadores por aluno, entre 79 países avaliados, apresentando acentuada desigualdade educacional entre as regiões brasileiras.

Nesse cenário, a utilização da tecnologia como aliada do processo de aprendizagem se torna fundamental para a saída desse ciclo vicioso que alimenta a desigualdade social brasileira. 

Investir em tecnologia nas escolas e no treinamento das equipes e de professores é o caminho para a construção de uma democracia madura, capaz de desenvolver o Brasil. Escolas conectadas requerem infraestrutura de equipamentos, conectividade e professores e equipes com competências digitais.

Números da desigualdade educacional no Brasil durante a pandemia

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pandemia representou a maior adversidade já enfrentada pelo ensino básico brasileiro.

Se antes do Covid-19 a desigualdade educacional já existia e preocupava, ela foi acentuada ainda mais com a chegada da pandemia.

A desigualdade educacional no país assusta e os números preocupam. De acordo com a Unesco, o Brasil está entre os países que tiveram o maior período de suspensão das aulas presenciais. 

99,3% das escolas de educação básica suspenderam as atividades e 90,1% não retornaram no ano letivo de 2020, o que totaliza uma média de 279,4 dias sem aulas presenciais (287,5 na rede pública e 247,7 na rede privada).

Pelo menos 10,8% dos alunos que não tiveram aulas presenciais também não receberam atividades escolares. 

Os números também indicam uma grande diferença entre os ensinos privado e público. O percentual de estudantes de 6 a 17 anos da rede pública sem aulas presenciais e sem oferta de atividades pedagógicas foi quatro vezes maior na rede pública do que na privada. 

Além disso, 42,6% das escolas realizaram aulas síncronas (ao vivo, com possibilidade de integração entre aluno e professor). Dessas, 69,8% eram da rede privada.

Outro dado importante diz respeito ao acesso e estrutura tecnológica nos lares dos estudantes de 15 a 17 anos, que também aponta uma disparidade entre os ensinos.

A presença simultânea de internet e computador foi constatada em 54% das casas, sendo que 90,5% pertencem a estudantes do ensino privado.

Além da exclusão digital, outro dado chama atenção. Um percentual significativo de estudantes de todo o País sofre com a dificuldade de acesso a uma estrutura básica de higiene nas escolas, como uma pia em boas condições de uso, com água  e sabão. 

Dados de 2019 revelaram que enquanto 98% das escolas privadas disponibilizavam esses itens básicos, apenas 56,2% da rede pública tinha condições de fazer o mesmo.

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